A nossa sociedade mudou. Antes, assuntos sobre violência à mulher, pedofilia ou suicídio, por exemplo, eram poucos discutidos. A frequência que esses assuntos são discutidos atualmente ultrapassa a frequência das décadas passadas. A sociedade abriu os olhos e suas consciências para esses assuntos, por isso, já não é mais tabu ou vergonhoso discutir esses temas nas escolas, empresas, igrejas ou no âmbito familiar.
O que se observa nos noticiários mais destacados de nosso país e do mundo é que, um grande número de pessoas ainda são vítimas de violência dentro de casa ou vítimas de bullying ou de violência sexual. Isso evidencia que a transmissão de informações não gera uma verdadeira consciência em quem já pratica esses atos na nossa sociedade. Ou seja, a luta contra esses atos, em grande parte, será em vão.
A realidade é que, uma pessoa que pratica o bullying não vai ter sua consciência mudada tão rápida apenas porque assistiu noticiários sobre o bullying ou porque um punhado de pessoas estão protestando contra.
O que pode acontecer é que, essas pessoas saberão que é errado e sofrerão uma espécie de "mutação": elas evitarão a todo o custo a punição da sociedade, e por isso, farão com que seus atos de violência se tornem sutis. Essas pessoas que deveriam tomar a real consciência sobre si mesmas, apenas criarão novas habilidades para continuarem praticando suas ações sem serem descobertas.
Ou seja, são pessoas que continuarão a praticar o que bem quiserem, e quando quiserem, mas escondidas, com novas habilidades, de passarem por cima da sociedade (nós) sem serem notadas. Por isso que, transmitir as informações ajudam somente àqueles que têm uma disposição em mudar e são motivadas pela própria consciência a alcançarem o melhor para todos.
No entanto, é uma ilusão acreditarmos que só porque um assassino leu no jornal que é crime assassinar, ele irá largar esse comportamento. Ao contrário, em vez de ocorrer uma mudança real em sua consciência, vai acontecer de ele pensar em novas estratégias para se safar, evitando punições como: ser preso, ser linchado, ser desprezado, e por aí vai.
Pois bem, a transformação real acontece, geralmente, àqueles que já fazem o certo diante da sociedade e cumprem com suas obrigações. Porém, para aqueles que constantemente praticam a violência, será apenas mais um jeito de saberem que seus atos serão punidos, e, por essa razão, elaboram vários meios de agirem o mais adequado possível perante a sociedade, mas ainda praticam a violência à qualquer momento oportuno.
Se as mulheres protestam para que os homens deixem de paquerá-las na rua ou assediá-las em baladas, por exemplo, o que pode acontecer? O que pode acontecer é que os cidadãos de bem evitarão a todo custo agirem desse modo, lembrando que: esses são cidadãos conscientes e que sempre seguiram normas.
Mas e aqueles que, na verdade, aceitam isso justamente para não serem punidos pela sociedade, mas ainda desejam agir desse jeito? Eles arrumarão formas "invisíveis" de agirem: poderão abordar uma mulher de outra forma: ganharão a confiança delas e, em momento oportuno, poderão assediá-las e, pelo medo de serem descobertos, poderão assassiná-las.
Ou seja, conscientizar uma sociedade toda é uma grande ilusão. Nós corremos o perigo de entregar o "ouro" (normas) em mãos erradas; jamais transformaremos alguém apenas por dizer que aquilo é errado. Ao contrário, essas pessoas simplesmente se tornarão mais hábeis para agirem em secreto, em grupos, às escondidas de nossos olhos.
Dessa forma, o que pode acontecer é que os cidadãos de bem continuarão a serem cidadãos de bem e os cidadãos inadequados criarão grandes habilidades de nos enganar e se passarem despercebidos. De certa forma, nós acabamos fazendo um certo "desfavor" à sociedade: estimulamos a evolução da mente dessas pessoas, já propensas ao mal, a serem mais habilidosas para praticarem suas maldades.
Por isso, o mais valioso para lutarmos contra isso é a prevenção: fazer com que os cidadãos de bem detectem o perigo antes de acontecer um desastre em suas vidas ou na de outrem. Deve-se preparar os homens de bem, dispostos a seguirem a justiça, assim, essas pessoas saberão se defender aonde estiverem.
Autora: Akemi Zaha
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