O sentimento primitivo: a inveja
O termo schadenfreude, palavra alemã, utilizada para descrever a sensação de alegria ao ver o outro se dando mal, descreve o grau mais exacerbado da inveja. A inveja é um dos sentimentos mais primitivos humanos, podendo ser vista e estudada em comportamentos de bebês e de macacos. Hoje, desvalorizamos esse sentimento por medo de punições, vergonha e de vários outros fatores.
Porém, em uma época primitiva, a inveja teve seu papel "mais útil" comparada nos dias de hoje: comparar-se com o que o outro tinha, dava uma ideia de quanto se conseguiria para sobreviver, seja alimentos, seja vestimentas, seja utensílios... Ou seja, a inveja teve uma função evolutiva para a sobrevivência.
Esse tipo de inveja, podemos chamar de "inveja boa": é quando nosso cérebro percebe os estímulos do ambiente (alguém ganhou um carro novo) e a nossa atividade cerebral provoca o sentimento de inveja "saudável". Primeiro, nosso cérebro processa esse novo estímulo em um estágio básico: a vontade de ter o que a outra pessoa tem. É um comportamento natural, mas que já está aquém da simples admiração.
A inveja mais avançada, a "schadenfreude" é a alegria que o indivíduo sente ao perceber o insucesso de seu invejado: o indivíduo passa a desejar o mal do outro e se alegra quando é concretizado. Quando o indivíduo invejoso (a) sente prazer pelo insucesso do outro, a área cerebral ativada é o estriado límbico, a região responsável pelos sentimentos prazerosos, de recompensa e de alegria.
Os mais suscetíveis a sentirem inveja são pessoas com falhas nos lobos frontais do cérebro; e, ao contrário disso, as pessoas menos suscetíveis a sentirem inveja são as pessoas com coágulos ou lesões no córtex pré-frontal ventromedial (área do cérebro ligada a comportamentos sociais e tomadas de decisões).
O indivíduo que inveja, sente a semelhança de uma dor física, pois a região do cérebro ativada é a mesma responsável por processar as sensações de dores físicas e emocionais, segundo o estudo do Instituto Nacional de Ciência Radiológica em Tóquio, 2009.
Muita das vezes, a pessoa invejada não busca despertar propositalmente a inveja alheia, mas devido ao seu sucesso em alguma área da vida, desperta-a espontaneamente. O indivíduo invejoso (a) sente-se humilhado, para baixo, com certa sensação ruim, com a vaidade ferida e humilhado pelo sucesso de outra pessoa, em algum aspecto, como: posição profissional, posição intelectual, beleza física, personalidade, riqueza, talento, entre outros.
Apesar de a inveja fazer parte dos instintos humanos, é raro que nós possamos assumir tal sentimento para nós mesmos (as) ou para outras pessoas; pois, isso causa vergonha, medo, humilhação e poderia afastar outras pessoas de nosso convívio.
O indivíduo invejoso pode agir discretamente, por meio de agressividade sutil, com frases que buscam inferiorizar outro indivíduo, podendo ser por meio de sarcasmos e ironias, ou mesmo frases naturais que dão a subentender o sentimento de inveja.
Ou seja, em geral, as reações de quem sente inveja variam de caráter e personalidade, contudo, um dos padrões mais conhecidos é quando o indivíduo ataca e desqualifica outro indivíduo, devido ao sentimento de rebaixamento, humilhação, raiva, e vaidade ferida. Nesse caso, uma solução simples é o afastamento entre o convívio dessas pessoas, evitando o contato social e o despertar do sentimento schadenfreude.
Akemi Zaha
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